terça-feira, 4 de novembro de 2008

O primo famoso

“Ao primo Coronel, uma saudosa lembrança, do primo Zé.”

Está assim, desse jeitinho, escrito a próprio punho pelo Zé, na primeira página do livro que o coronel ganhara de presente durante uma noite de autógrafos. O mimo fora enviado pela neta, uma vez que o coronel não estava em Florianópolis na ocasião. Mas ela o representou bem e recebeu todas as honras e cumprimentos do primo ao sentar-se à mesa, ao lado dele e, meio tímida, sussurrar-lhe:

- Zé, eu sou neta do Coronel Benedito, seu primo. Lembra dele?

- E como não me lembraria de tão grande figura? Como está o primo?

- Tá bem, mora ainda no mesmo lugar e te mandou lembranças.

- Então entrega esse livro aqui pra ele. Diz que tenho vontade de revê-lo. E escuta, me diga cá uma coisa, o primo ainda anda?

E o coronel por acaso lá era de homem de não andar? Até parece que o primo não o conhecia mais... Todo dia revisava pé por pé de todo aquele cafezal, centímetro por centímetro de toda aquela terra e parava só no final da tarde para contemplar o pôr-do-sol no majestoso rio que banhava os fundos da propriedade. E como é que o Zé tem coragem de perguntar se o coronel ainda anda!?! Há muito mesmo que certamente não o via!

Coronel e Zé eram primos legítimos. Por parte de mãe. Zé cresceu e virou jornalista. O coronel cresceu e... bem... o coronel virou coronel, oras! E o Zé, emocionado com a lembrança, lhe enviara o livro de presente. Lá em Coronel Benedito todo mundo sabia que o coronel era primo de jornalista e isso lhe dava ainda mais prestigio. “Sabe que o coronel tem primo jornalista na cidade grande né, fulano? Diz que manda sempre livro autografado pra ele. Ainda agorinha chegou um que a neta trouxe”, comentava-se no povoado.

Parece que a história era sobre tropeiros, algo assim. O Zé fazia jornalismo rural, assunto que interessava muito ao primo coronel. Principalmente quando Zé aparecia na televisão falando sobre café. Ah, como o café era importante ao coronel. Não passava um dia sem consultar a cotação da saca. “O Zé devia era escrever um livro sobre o café. Já fez sobre a laranja, não custa fazer sobre o café. É até mais fácil...”, pensava o coronel enquanto a neta lhe dizia que há pouco havia estado com o primo famoso do avô.

- Diz ao primo que qualquer hora apareço pra vê-lo!, concluía Zé.

A neta do coronel ainda estava em choque com a pergunta anterior...

2 comentários:

Lu disse...

hahahahahaha
Mas é um bobo.
E na verdade, o que acontecia era o contrário. O povo comentava: esse repórter aí que foi pra guerra é primo do Coronel... Parece até que o primeiro emprego do repórter em um jornal foi o Coronel quem arranjou.
Agora, se é primo por parte de pai ou mãe, isso já não sei. Quem sabe seja por parte dos dois: só se casava em família entre os Garcia Ribeiro.
Coronel, porém, recusou-se a seguir a tradição.

gustavohrp disse...

Nem terminei de ler...
Estou cansado...
Não entendi nada...
Bom... Enfim...
Tchau